segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Do céu ao inferno

Eu sai do céu para o inferno em menos de 48h. Ainda estava sob efeito das emoções de sexta, cansada, mas tínhamos trabalho. No final a encomenda foi adiada e fomos para vó. Organizei para mostrar a ela e contar sobre o evento, mas ao chegar lá ela tinha dificuldades de ficar sentada, então a mãe mostrou algumas fotos. Em resumo ela gostou de você e ate quis saber se era casado, cabeça da velhinha estava indo longe.

No domingo logo cedo enquanto terminava o bolo, recebi notícias pouco animadoras, a vó acordou confusa, parecendo delirium outra vez, pouco responsiva e muito sonolenta. O quadro foi se agravando ao ponto da pressão cair para 6x4 e a saturação para 77. Passou a usar mascara e aumentaram o oxigênio.

Diante do quadro resolvemos ir direto para lá, mas confesso com aquela notícia senti que ela estava partindo e só queria conversar contigo, mas não fiz, me contentei em chorar. Quando chegamos ela estava adormecida, respondeu alguns estímulos, mas não parecia reconhecer.

Naquele momento decidimos passar a noite por lá, vim pra casa peguei o essencial e antes de voltar entreguei o bolo. Nesse intervalo o mano foi para lá e permaneceu para que fossemos comer algo. Quando enfim ficamos só nós não tínhamos ideia do que estava por vir.

Perto das 21h ela despertou, se é que da para chamar assim, e tentou incessantemente tirar a máscara. Ficamos horas recolocando, cheguei a ficar irritada e acabamos tendo que conte-la. Foram duas tentativas até que enfim ela adormeceu, isso já era quase 3h da manhã.

Estávamos exaustas e as coisas daquele jeito fizeram com que nos arrependêssemos de ter ficado e eu só abria teu contato e queria falar, precisava falar, mas continuei sozinha. Quando enfim ela acalmou joguei um cobertor no chão e adormeci ali mesmo ate perto das 6:30h quando voltamos para casa.

Após o banho tentei descansar, mas a dor de cabeça intensa e os pensamentos não me deixavam adormecer. Estava esgotada e parece que nada que eu fazia era suficiente. Entendi que era meu emocional muito abalado e todas as lembranças ruins que vieram a mente depois da última noite estavam me consumindo.

É muito difícil lidar com tanta dor represada e também saber que a pessoa não está mais ali. Era melhor ela reclamando. Ainda não passamos pelo pior e não sabemos quanto tempo essa fase vai perdurar, mas sabemos que de fato é o início do fim. Tenho me agarrado nas lembranças de sexta para me manter de pé...

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